Referência: J. Grein, N. Ohmagari, D. Shin, et al. Compassionate Use of Remdesivir for Patients with Severe Covid‐19. NEJM. Abril 2020. doi: 10.1056/NEJMoa2007016
Análise do estudo: este estudo de coorte retrospectivo – financiado pela Gilead – analisou 53 doentes com infecção grave confirmada pelo SARS‐CoV‐2, aos quais foi administrado remdesivir (inibidor da polimerase de RNA viral) entre 25/1/2020 e 7/3/2020, em contexto de uso compassivo durante 10 dias (1º dia com dose de carga de 200 mg via endovenosa e restantes 9 dias com dose de 100 mg diária). Todos os pacientes estavam hospitalizados com saturações de oxigénio iguais ou inferiores a 94% em ar ambiente ou com suporte suplementar de oxigénio. Dos 53 doentes analisados, 30 (57%) estavam sob ventilação mecânica invasiva e 8% sob oxigenação por membrana extracorporal. Nos 18 dias seguintes verificou‐se que a maioria (n=36, 68%) dos doentes teve uma melhoria clínica, incluindo 17 de 30 ventilados (57%) que acabaram por ser extubados. Deste grupo, 25 doentes (47%) tiveram alta hospitalar e 7 (13%) faleceram (taxa de mortalidade de 18% dos ventilados e 5% dos não ventilados).
Aplicação prática: neste estudo, não aleatorizado e não comparativo, a administração de remdesivir em doentes infectados com doença grave COVID‐19 parece estar associada a uma melhoria clínica. No entanto, é necessária alguma contenção nas conclusões retiradas, dado que é um estudo não comparativo (sem grupo de controle) com uma amostra reduzida, com um curto período de follow‐up e com quadros clínicos muito distintos em termos de gravidade. Necessitamos de ensaios de grandes dimensões.
Autores: Juan Rachadell , Raquel Vareda, Fausto S.A. Pinto, Rodrigo Duarte, Susana Oliveira Henriques e António Vaz Carneiro
Instituto de Saúde Baseado na Evidência (ISBE)