Referência: Chloroquine and hydroxychloroquine: should these drugs be used to treat COVID‐19?
Análise do estudo: este estudo é uma revisão científica desenvolvida pelo grupo do Center for Evidence Based Medicine de Oxford, publicado no seu site (https://www.cebm.net/covid‐19/) a 25 de Março. Os autores informam que existem vários estudos in vitro (investigação básica em culturas virais) que sugerem que a CQ/HCQ inibe a actividade viral do COVID‐19. O único ensaio clínico testando a CQ/HCQ em doentes infectados por COVID‐19 foi publicado a 20/3/2020 no International Journal of Antimicrobial Agents (p.105949). Foram incluídos 36 doentes (6 assintomáticos, 22 com sintomas de infecção respiratória alta e 8 baixa). Vinte doentes receberam HCQ 200 mg 3xdia durante 10 dias (6 dos quais também fizeram concomitantemente azitromicina) e os outros 16 cuidados de rotina. Os resultados demonstram que os doentes do grupo experimental apresentaram maior taxa de negatividade do vírus ao 6º dia (zaragatoas) do que os do grupo de controlo (70% vs. 12,5% P<0.001), sendo que todos os doentes a fazer os dois fármacos (HCQ + Azitromicina) negativaram.
Aplicação prática: este estudo parece confirmar alguma eficácia da utilização de HCQ e, mas importante, HCQ + Azitromicina, no tratamento de doentes com COVID‐19. Como se trata de um estudo piloto, com uma amostra muito reduzida e sem dados discriminados, deveremos esperar os resultados de um dos inúmeros ensaios clínicos a decorrer actualmente com estes fármacos, para esclarecer as dosagens, o tempo de administração, a taxa de efeitos adversos, os subgrupos respondedores, etc.. É importante salientar que, em investigação clínica, estudos com amostras pequenas têm tendência a dar resultados positivos, cuja dimensão depois não se confirma em ensaios clínicos ulteriores de grandes dimensões.
Autores: Juan Rachadell , Raquel Vareda, Fausto S.A. Pinto, Rodrigo Duarte, Susana Oliveira Henriques e António Vaz Carneiro
Instituto de Saúde Baseado na Evidência (ISBE)