Referência: R. Li et al. Substantial undocumented infection facilitates the rapid dissemination of novel coronavirus (SARS‐CoV2) Science (2020).
Análise do estudo: neste estudo os autores estimaram a prevalência e a contagiosidade de indivíduos infectados por SARS‐CoV‐2 mas não documentados, com o objectivo de perceber a prevalência total e o potencial pandémico da doença. Para tal, foi desenvolvido um modelo matemático que simulou as dinâmicas espácio‐temporais entre 375 cidades chinesas antes e depois de serem tomadas medidas restrictivas. Antes dessas medidas, estimou‐se que os casos não documentados corresponderam a 86% de todos os infectados (IC 95%; 82% a 90%) e apesar de terem uma taxa de transmissão de 55% (IC 95%; 46% a 62%) em comparação com os casos documentados, foram responsáveis por 79% dos casos infectados documentados. Os autores estimaram ainda que após a implementação das medidas de restrição à mobilidade, a proporção de infectados confirmados por testes aumentou de 14% para 65%.
Aplicação prática: Este modelo vem sugerir que, para um melhor controlo da pandemia, é necessário um aumento significativo da identificação dos doentes infectados não confirmados. Os achados cruciais deste estudo são: 1) 86% das infecções não eram confirmadas laboratorialmente no início e 2) individualmente, estes doentes infectados, mas não confirmados têm uma taxa de infecciosidade que é metade das dos indivíduos confirmados. Estimular a utilização de máscaras faciais em certos contextos, restrições de mobilidade, atrasar a reabertura de instituições de ensino e o isolamento de casos suspeitos, são exemplos de medidas que podem reduzir a proporção de casos não documentados, diminuindo a proliferação do vírus pela população.
Autores: Juan Rachadell , Raquel Vareda, Fausto S.A. Pinto, Rodrigo Duarte, Susana Oliveira Henriques e António Vaz Carneiro
Instituto de Saúde Baseado na Evidência (ISBE)