Referência: Pascal Geldsetzer. Knowledge and perceptions of COVID‐19 among the general public in the United States and the United Kingdom: a cross‐sectional online survey. doi:10.7326/M20‐0912
Análise do estudo: os autores seleccionaram 6.000 pessoas do Reino Unido e dos EUA (50‐50) da base de dados da Prolific Academy (uma plataforma de recrutamento de doentes/pacientes para estudos clínicos e epidemiológicos) aos quais aplicaram um inquérito online entre 23 de Fevereiro e 2 de Março. O inquérito continha 22 questões baseadas numa listagem de ideias erradas e falsidades publicada no site da OMS, para avaliar o conhecimento e a percepção da população sobre a infecção com SARS‐CoV‐2. Embora a maior parte dos participantes tivesse um bom conhecimento do modo de transmissão do vírus e dos sintomas da infecção, numa percentagem importante de casos havia um desconhecimento dos métodos de prevenção da infecção e da alteração de comportamentos de risco: cerca de um terço achava que o uso de máscaras era um procedimento altamente eficaz para evitar o contágio e perto de metade dos inquiridos achava que as crianças eram um grupo de risco especialmente vulnerável para infecção pelo SARS‐CoV‐2. Metade achava que não se deveria comer em restaurantes chineses e um quarto dos inquiridos nos EUA (e um quinto no RU) considerava a possibilidade de bioterrorismo como causa da pandemia. Em termos da mortalidade pela infecção, os americanos achavam que a taxa de mortalidade global era de 5% e os ingleses de 3%.
Aplicação prática: numa altura absolutamente extraordinária da história recente da humanidade – uma pandemia global provocando um alarme social nunca visto – é absolutamente essencial que a informação relevante, verdadeira e isenta de conflito de interesses seja apresentada aos cidadãos de todos os países, para que a aceitação dos sacrifícios necessários para ultrapassar esta crise seja possível sem colocar em causa a coesão social e comunitária. O presente estudo reforça a necessidade de organizar campanhas permanentes com informação relevante e compreensível a nível global.
Autores: Juan Rachadell , Raquel Vareda, Fausto S.A. Pinto, Rodrigo Duarte, Susana Oliveira Henriques e António Vaz Carneiro
Instituto de Saúde Baseado na Evidência (ISBE)