Doentes infectados com SARS‐CoV‐2 e com doença cardíaca incidente têm pior prognóstico durante o internamento hospitalar

Referência: S Shaobo, Q Mu, S  Bo et  al. Association  of  cardiac  injury with mortality  in  hospitalized  patients with  COVID‐19  in Wuhan, China. JAMA Cardiol Publicado online a 25 de Março de 2020. doi:10.1001/jamacardio.2020.0950

Análise  do  estudo: Foram analisados  416 doentes  (mediana da idade  64 anos,  51% mulheres) internados por SARS‐CoV‐2  no Renmin Hospital da Universidade de Wuhan. Cerca de 20% (n=82) vieram a desenvolver doença cardíaca durante o internamento. Estes doentes, eram mais idosos, apresentavam maior número de comorbilidades e tinham um conjunto de variáveis laboratoriais mais  alteradas,  quando  comparados  com  outros  doentes  sem  lesões  cardíacas  (nº  de  leucócitos  mais  elevado,  nível  de  PCR, procalcitonina e enzimas cardíacas mais altas – entre outras). Os raio X de tórax destes doentes apresentavam lesões pulmonares mais desenvolvidas. A evolução clínica durante o internamento  foi mais grave neste subgrupo de doentes,  requerendo maior suporte ventilatório não invasivo (46% vs. 4%) e/ou invasivo (22% vs. 4%). A percentagem de complicações clínicas foi também mais elevada em  termos de incidência de ARDS, insuficiência  renal, alterações hidroelectrolíticas, baixa de proteínas séricas e alterações da coagulação. A taxa de mortalidade intra hospitalar foi 10 vezes superior (51% vs. 4,5%).

Aplicação prática: como seria de esperar, doentes que durante o internamento por infecção por SARS‐CoV‐2 tiveram episódios de  lesão miocárdica  aguda  apresentaram maior  taxa  de  complicações e  uma mortalidade muito mais elevada. Eram  doentes bastante mais idosos  (médias de idades 74 vs.  60 anos) e com maior conjunto de doenças e  factores de  risco cardiovascular. Conclui‐se que estes doentes de alto risco devem ser seguidos com particular atenção durante o seu internamento com infecção com o SARS‐CoV‐2.

Autores: Juan Rachadell , Raquel Vareda, Fausto S.A. Pinto, Rodrigo Duarte, Susana Oliveira Henriques e António Vaz Carneiro

Instituto de Saúde Baseado na Evidência (ISBE)

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